domingo, 20 de março de 2011

Meninas usam rosa


Esse post é do blog Viva Mulher, escrito pela Jornalista Maíra Kubík Mano.
Recomendo a leitura do seu blog, pois sempre traz temas relevantes num viés de combate ao machismo e à opressão de gênero.
Aproveitem esse texto sobre os simbolismos sociais na construção de identidades e estereótipos que acabam por reproduzir de forma muito nociva a desigualdade de gênero:

11.02.11

Havana – Quando nasce um bebê, os presentes dados costumam ter uma cor. Se for menina, rosa. Se for menino, azul. Parece simples, lógico. Algo que já faz parte da nossa cultura.

Aliás, não são só as lembranças ofertadas por amigos e familiares que se distribuem por cor: pais e mães também reforçam isso ao decorar o quarto e os móveis das crianças com adornos comumente identificados com um ou outro sexo.

E o que está por trás disso?

Todo um patriarcado nada fácil de identificar à primeira vista. Façamos um exercício: o que dizem a um pai quando nasce um menino? "Parabéns! Vai ser um grande homem!"; "Vai aprontar todas!"; "Um macho!"; "Vai ser pegador!". Etc. Etc. Etc. E quando é menina? "Ih, vai pagar todos os seus pecados"; "Que linda, que princesa!"; "Já tem quem vai te cuidar na velhice". 

Meninos são ativos. Meninas são suaves. Rosa é suave. Logo, meninas usam rosa. Meninos, decididos, vestem azul, claro!

E é assim que, desde o início, seja pelo que falamos, seja pela escolha das cores, já começamos a estabelecer as diferenças entre os sexos – e com elas a opressão a que estamos submetidas.

Bem, mas como dizem que uma imagem vale mais que mil palavras – eu, claro, como jornalista, discordo totalmente disso –, cá está um trecho da incrível campanha que o governo do Equador tem promovido contra o machismo. Segue o link, porque aqui não consigo carregar os vídeos no blog: http://www.youtube.com/watch?v=NTxUWQ2IE6s&feature=BF&list=PL0E6136DD9F2FEA69&index=6

Deu para entender a mensagem mesmo sem falar espanhol, né?

Estou em Havana, Cuba, participando de uma pós-graduação internacional em Jornalismo e Gênero, e descobri esses anúncios com minha companheira de quarto, uma equatoriana. Segundo ela, as propagandas já estão no ar há dois anos e continuam sendo exibidas com a mesma intensidade, em cadeia nacional e horário nobre.

Achei algo realmente extraordinário que haja uma política pública com tal proposta. Quem dera tivéssemos alguma coisa de impacto e criatividade semelhantes no Brasil!

São vários anúncios, mas destaco outra hilária, que mostra crianças no futuro vendo um homem machista como "peça de museu", algo que ficou no passado. Das cavernas: http://www.youtube.com/watch?v=olb8gkuNgXw&feature=BF&list=PL0E6136DD9F2FEA69&index=9

Nada como o bom humor para combater o machismo.

Escrito por Maíra Kubík Mano às 21h10

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